
Desfeito o pesar da carne, para isso serve o sonho. Ele encara um estilo de agir e sentir diferenciado, tomando rumos diversos, decisões precipitadas sem o mínimo pesar. Normalmente falhos a memória, os sonhos nunca voltam por inteiro ao acordar. Mas, como ele sempre diz, “após acordar sempre ocorre o se porem de querer viver no sonho”. Repetiu isso nos últimos 9 anos de sua vida, quando começou a pensar diferente sobre o que queria ou podia ser, quando viu que não dependia apenas de si para tingir os seus sonhos. Uma descoberta pesada quando se tem apenas 9 anos de vida. Salta o vazio, sensação impossível de se ter indiferença...
O dia nasce às cores ascende a sua vista, o mesmo lugar. Pôsteres e fotos nas paredes, seus pertences ao redor da cama. Os cds, vários cds, computador, som (ainda ligado), o relógio marca outro palíndromo como sempre ocorre, dessa vez são: 08:08. Despertar nem sempre é fácil para ele, alguns dias o peso parece maior, o fardo a carregar não quer deixar ele se erguer...
Abre os olhos, esfrega o rosto. Agora com o olhar mais atento descobre em meio aos objetos alheios em seu quarto um caderno incomum, vistoso, diferente de tudo presente naquele cômodo. Aventura-se então erguer o tronco e caminhar em direção ao objetivo, sim ele sempre age com um objetivo. Agora com o caderno em suas mãos, procura alguma identificação em meio aquela capa verde e vistosa, nada. Nenhum nome, apenas um símbolo central, vagamente conhecido. Volta a pensar no sonho enquanto caminha para a cama e senta, abre o livro e páginas em branco aparecem prontas para serem preenchidas, assim como o dia que se inicia. Dentro do livro uma pena negra, como um marcador de textos, nesta página escritas entre garranchos femininos, em azul:
“Só pra dizer que as condições ainda estão aqui, vamos fazer uma família como sempre quis, na verdade nós temos mais que muitos e estes conseguem ser feliz. Vamos fazer um futuro dessa situação, vamos criar as nossas vidas como em um refrão, na verdade a vida são apenas sonhos, que estão em construção...”
Nossa atitude é biodegradável...